sábado, 2 de fevereiro de 2008

A Mão e o Vidro

A Mão e o Vidro

Após seguidos anos de consecutivos maus-tratos e destratos, o Vidro se encontrava imundo. Na verdade, tão sujo, tão poluído que nada se via através dele, tudo se perdia.
O Vidro pensava, pois já nada refletia, com suas partículas de silício, o que ele fizera para chegar a esse ponto. Pingos d’água, sujeira, desleixo, ficar sempre para depois, falta de ser prioridade.

Mas hoje o Vidro ousou em sua humilde vida. Queria ser limpo, para através de si refletir a verdade às pessoas. Os olhos que acompanhavam a Mão viram tudo. A desesperança do sentimento e a sinceridade de querer ser algo melhor.

E assim a Mão agiu. Gentilmente, passou água para que não ardessem as antigas feridas e envolvendo-Se ela mesma com o sabão, passou a lavar o Vidro com carinho, com o Amor de quem usa os olhos para realmente ver.

De cima a baixo o Vidro foi limpo. O que antes parecia condenado a ser eternamente maculado ia aos poucos deixando transparecer seu interior. Após o sabão, água, energia que revigora as forças perdidas. E o Vidro foi limpo três vezes, pois a Mão era trina. Antes da limpeza todas as luzes foram apagadas para que só houvesse uma Luz.

Ao final da terceira lavagem, o Vidro se sentiu digno de sua missão: separar ou unir ambientes de forma a sempre transparecer a verdade para todos. O que parecia impossível depois de sofridos anos foi concretizado em poucos minutos.

O fato concreto, o Vidro limpo e purificado para recomeçar sua vida foi a conseqüência de alguém que nada vendo como saída, ousou querer que algo acontecesse. O Vidro será eternamente grato à Mão Trina.

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